são fanáticos bipolares
com boletos bancários
em filas de aeroporto
fretados para a China.
será sempre o último passo
pode fazer muito sentido
na primavera negra de Paris,
se você for Henry Miller
no bar tomando um apéritif.
(ou seja, pessoas mortas) falam do mesmo jeito?
como bêbados pedófilos que usam suspensórios
e um bigode bem-aparado como o dos homicidas.
podemos ser os reis do mundo se estivermos
todos deprimidos, desesperançados, acuados,
acaçapados sem nenhum motivo muito lógico,
por mais que vivamos uma vida ultra-lógica.
sempre prestes a acontecer e terminar.
mas o sol vem sempre de trás do monte
e é bem mais amigo do deserto que nós.
então, vendo o sol sem poder culpá-lo,
barriga com barriga, sem nenhum defeito,
diretamente ligados, e sem esperança,
aprendemos a baixar a cabeça, e a dança.
aprendemos a nos contentar
com o que nós ainda não temos.
nosso nome pertence a deus,
deus minúsculo, pois que tudo
que é pequeno permanece vivo.
o que pensamos que é, sempre vem
acompanhado de algum tipo de morte.
mas o que é, é justamente por estar
distante, algo novo a cada segundo.
no mesmo único e impossível instante cego.
e se ao acaso você passasse um segundo antes
sob chuva forte e se eu lhe tivesse olhado,
talvez não estaria agora correndo até a ponte.
o mesmo lado da única moeda.
o outro lado somos nós:
os loucos de deus ou da filosofia,
os desconstrutivistas de cactos.
mas, de fato, as coisas são apenas
por uma contradição inacreditável:
sempre a um segundo de acontecer,
nunca previsíveis, sempre imponderáveis.
pelo que uns se matam,
outros pensam que estão vivos.
mas estamos todos enlouquecendo,
porque viver, e até mesmo
o que consideramos que seja não viver
é enlouquecer a cada instante,
como se tudo fosse uma surpresa impassível,
uma caixa de pandora que nunca se abre.
e ouvi dizer que as abelhas estão acabando,
todas misteriosamente migrando para o além.
então não se preocupem com guerras atômicas,
porque já vai chegar a hora de vocês também.
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