20.12.06

“não deixe cair”

com a tese dos homens num saco,
pelo parapeito da janela me passam:
uma nuvem branca, incerta como eu
e a seguinte idéia: “não deixe cair”.

não quero a calma espumante
nem a divergência das cruzes.
não me contento em ser todos
para ser eu mesmo (nenhum).

prefiro não tentar ser eu mesmo
(todos) os que sofrem pelo banal,
pelo banal irrevogavelmente seu,
seu sofrimento, seu amor escuro,
suas gotas venenosas de esperança,
que passam como a nuvem branca
pela noite sangrenta, pela noite aberta,
sobre as cabeças mais atentas e (in)certas.

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