4.6.06

"abstinência”

a noite inútil como água em pó.
minhas já raspas travessias átonas,
ouvido surdo na realidade cômica,
desconstroem o infinito que é cedo.
quem sou eu? quem é você? nós?

eu finjo ser pobre ilimitado
para que você me dê limite.
pense duas vezes por mim,
porque não penso por você.

por mim você ou outra vez eu surdo.
lençóis sobre planos sobressaltados.
a outra com o colo falseado de tiros.
feliz metade por te imaginar inteira.

bochechas secas no sebo do chicote
duro, mas verdadeiro, ainda que nada
da mãe conivente sobre a noite vazia,
alheia ao vento enquanto a sorte dorme.

homens matam as aberrações que criam.
a noite geme pelo fim da linha de fogo.
e como se eu fosse do teu ventre o frio,
castigo a noite com minha constipação.

Um comentário:

Anônimo disse...

homens recriam as aberreções que imaginam ...