15.10.23

"foucault sorri de quimono"


para criar a beleza,

não do amor

ou da liberdade, mas

da solidão eterna,

é preciso viver

e morrer

num calabouço.

 

devo ao surrealismo

as amizades obesas

e o prêmio de ferro

do trauma educativo.

 

até aqui tenho sido

tão somente um

adolescente senil.

opto pelo acidente

porque, em arte,

só os preguiçosos

são capazes de fazer

coisa que preste.

 

de onde estou vejo

as tetas de deus

por toda parte.

deus essa cadela

romana leiteira

super preguiçosa.

 

é preciso tomar

as tragédias

com filosofia

ou então salivar

em público.

 

se leio é apenas

para me encher

de amor e dividir

ossos quebrados

com gente canina.

 

já não rasgo a pele

na escola superior

da cicatriz inchada.

 

a vida é um bolso

de sustos costurado

com linha finíssima

e agulha infectada

na testa da sorte.

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