um cliente,
um acadêmico,
um pesquisador,
um intelectual
me pediu por livros
que tratassem
sobre estar preso.
aquilo atiçou
o encarcerado
dentro de mim.
saí desembestado
atrás dos livros.
cemitério dos vivos
do lima barreto –
então expliquei
que um hospício
também podia ser
na prática, de fato,
um tipo de prisão.
o cliente,
o servidor público,
o jovem compenetrado,
o sonhador de tempos
melhores
– asilo temporário de
mim –
concordou com a cabeça.
hospício é deus, lá embaixo,
da leonora carrington,
ele não conhecia nada
disso,
pareceu entusiasmado,
surpreso – a pilha
aumentava.
nunca tinha ouvido
falar
em nellie bly, maura lopes,
patrocínio, que mandei
ele procurar num sebo.
por último, uma
recordação
da casa dos mortos, eu
dei
a ele e disse: isso é
agora.