às vezes só me resta,
no frio de um domingo,
quando encontrarei meu
pai, que se arrasta,
mas, de algum modo,
parece muito mais feliz,
só me resta neste
pesadelo de que não posso
ver-me livre então só
me resta aqui carregar
uma tocha imaginária
que vem dos desastres
de outros incandescentes
e cegos como estou
aqui enquanto invento
vida de olhos fechados
e toda uma gama de
desgraças heroicas afiam
meus olhos e o coração
de mil deuses afogam
minha dúvidas num mar
bonito e inescapável,
doce imprecisão que,
com violência, abraço
e me finjo a mim mesmo
de morto outra vez,
cavo a gruta de crusoé no
centro da multidão.
estamos juntos na chuva
há uns tantos séculos,
a tristeza é a
solenidade de uma carne barata,
com ganas de brinquedo
e gaiolas de paixão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário