13.7.21

"karen"

  

só consigo pensar

em karen carpenter

e suas roupas folgadas

e seu jogo de beisebol:

a melhor entre os boys.

 

depois sua arcada,

os dentes de karen,

os dentes flutuantes

em direção ao abismo.

 

coisas que enterramos

mas que nos esperam

por debaixo das unhas.

 

como uma ilha sem mar

ou uma forma de visão

em que nunca somos

bastante ao que vemos.

 

não consigo, karen, parar

de escutar o teu contralto.

é difícil, eu sei, no escuro,

acabar de começar, agora

que a fome de mil crianças

com skates e achocolatados

se debruça na tua síndrome.

 

elas trazem a tua canção

como o segredo dos cílios

em tempos mais dinâmicos.

 

estamos enterrados agora,

mas nossos ossos sussurram

a carne excedente de deus

– a beleza de, aos poucos,

se dissolver para sempre

no mistério da comunhão.

 

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