para juliana e thadeu
nem só ela é mal
escrita,
sobre assuntos
obscuros,
mal-humorada sobretudo,
engraçada de tanto
bico,
de tanta espuma na boca,
de sonetos mal acabados.
mas também esta que
vira
os olhos dos
acadêmicos.
eles não escrevem
poesia,
então precisam saber
tudo
que resulta da poesia
ruim,
precisam ignorá-la em
vida
para foderem bons
poetas.
e muito acima de todo
resto,
essa poesia que dá
falência,
uma sobrevida de
tuberculose,
uma gosma no canto da
boca,
poemas que só
conseguimos
vomitar com olhos
fechados
na saída dessa eterna
matinê.
também aquela que no
meio
de uma conversa
importante
se apresenta num tom
agudo
para que todos ouçam
poesia.
poesia mala e poesia
operária
nos cumes das prisões do
dia.
um grunhido, às vezes
um gás
que pode explodir se
tocar em
algo, exemplo, pegando
fogo.
sim as gosmas de outras
cores,
um arrepio total do bom
gosto,
fezes que valem pouco
dinheiro.
é como se fodêssemos as
flores
e nelas injetássemos
venenos
bonitos que levam ao
colapso,
atitude em desejo analfabeto.
pela poesia malvada é
preciso
navegar náusea em meio
à lama
e roubar apenas aos
domingos,
em nome de todas as
religiões
e nunca por alguma paz
eterna,
mas fogo no fígado xamânico.