tem
sido por aqui bastante impossível
esperar
que a vida volte, como a noite,
a
nos arrematar com martelo de beleza
os
pinos do nosso magro amor enrugado
diante
das portas que no sonho se abrem
enquanto
jogamos dados sem números
na
banca de apostas da nossa extinção.
agora
que nossas cabeças
incham
com areia de horas
e
se despem da experiência
daquilo
que, pensávamos,
nós
teríamos sido um dia.
nossa
espécie é a dúvida,
jamais
soubemos de onde
viemos
e para onde vamos,
mas
isso nunca doeu tanto.
ano
passado faz dois anos,
ano
que vem ele fará três.
será
que, daqui por diante,
contaremos
ano passado para sempre?
fico
feliz de não estar louco sozinho,
que
a loucura aqui seja companheira,
mas
triste de não poder compartilhar
a
loucura dos que enfim se libertaram
de
precisarem acreditar em algo a mais
que
espera na frente e não se pode ver.
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