a noite enforca os
parapeitos
dentro da cidade,
também no mato
alguém se move
lentamente
sobre a fina dúvida de
um suspiro.
alguém no fundo da
lenda do encontro
encobre de gelo uma
parada de ônibus
e as luzes emagrecem
sob os holofotes.
é frio quando qualquer
um pode
– num segundo e muito
embora
permaneça a cabeça no
pescoço –
desaparecer do árduo
convívio.
mais estranho é o que
diremos quando
o improvável que nos
ronda acontecer:
isso é absurdo, não
suporto, morrerei.
mas dias depois
ancoraremos bombas
em portos repletos de fascínio
em pó.
é sempre frio quando a
noite enforca
a euforia dessa lembrança
em delito
quando, contaminada, delira
a sorte.
vejo brilhar os olhos
que derrubam
as manhãs por trás de
uma película
que aborta a luz de um sol
anêmico.
somos uma gangue de
medrosos
que desejam a coragem
coletiva
mas entregam parágrafos
de aço
nos desvãos de uma
poesia curta.
quero rasgar o casaco
em busca
do osso de uma alegria pequena
para lamber o medo e
confortar
a paz sem olhos de um
verso nu.
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