quero manter a criança
viva,
levando o adulto pela
mão.
escuto os mantras
matinais
que vêm de uma voz doce.
penso na voz agora
morta,
se era doce ou se era
firme
ou se era a voz que
dizia:
meu filho, não faça
isso
com tua vida, estou
aqui,
tu não te lembras de
mim,
mas eu estou aqui,
escuta?
a tal criança morreu no
dia
em que não enterrou a
mãe.
os adultos vieram
depois
com sustos e votos
úteis
para pisar firme a
estrada.
bebi vinte anos tua
morte
e quase me esqueci de
ti.
mas hoje sei algo
bonito:
os espíritos não morrem.
meu corpo então
padecia,
mas a voz que eu
esqueci
me dizia: estou viva
aqui
no olho do esquecimento,
no buraco da tua
falência.
sem ser criança ou adulto,
sigo à procura do teu
luto,
para ouvir a velha
cantiga
e criar outra vez tua
voz.
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