12.4.20

“eu mesmo vou libertar”



ainda acordo com os gatos & buda na cabeça.
a mais nova, juno, ontem sentou no meu colo,
eu feito um índio ancestral enrolado no lençol,
tentando sair do samsara e entrar no dharma,
mas dando muitos pequenos risos por dentro.

eu justamente meditava concentrado em pensar
que todos os seres vivos mereciam compaixão,
principalmente aqueles que me fazem muito mal.
então no meio de tudo vieram as chagas de cristo.

juno não se mexeu pois os bichos, diz buda, estão
num nível abaixo do nosso na, digamos, corrida
evolutiva do espírito flutuante até deixar a carne.
mas juno me olha como se fosse leonardo da vinci.

terminada a meditação, juno e eu nos separamos,
estranhamente mal-humorados um com o outro,
como passageiros que, não sei por quê, levantam
imediatamente ao se apagarem as luzes da cabina.
ou aqueles que, no salão de embarque, enfileram
seus corpos ligeiros assim que o voo é anunciado.

estou ficando verde, cabeludo e bonito, embora
ainda não tenha tomado parte em nenhuma das
inúmeras aparições pública que pessoas fazem
das suas casas, contando coisas próprias como
faríamos lá fora ao depormos diante de um juiz.

outra vez este poema não consegue ficar curto,
apesar de toda dedicação, não devo me frustrar.


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