nossa crítica azeda é
ainda
a melhor maneira de
fazer rir
fora danças exóticas,
alguém diz:
suor foi a melhor idéia
de deus.
somos seis, sete, agora
seis outra vez,
amigos unidos que
procuram entender
de uma vez por todas
que proteção
seria essa quando
dizemos amigo.
precisamos estar juntos
para estarmos
protegidos pela palavra
amigo,
palavra que traz consigo
uma caixa de escombros.
sobre a parte boa de
tudo
deslizamos
inconscientes o mais
possível
da pedra.
todos temos
nossos momentos
de faniquito
porque ser amigo
é também poder
desesperar junto.
amizade é conseguir
desmanchar
a máscara de alguém sem
matá-lo.
estamos vivos porque
nos tocamos
e temos autorização
para azedar
com um esguicho do veneno
que salva da picada
mortal
cada um dos semblantes seriíssimos
que viver sem mapa nos
levou a ter.
com água temperada e
outros líquidos
que saem dos nossos
poros por cima
das mentiras e da nossa
inábil razão,
lavamos a casa do nosso
velho afeto.
uma gruta atravancada
de coisas nuas e
selvagens,
fáceis de esquecer
no cruzar eficiente
entre nossas falhas
e os egos inchados
que, entre amigos,
às vezes morrem no suor.
somos um grupo
animalesco
no esplendor de uma era
fria
expositora do que falta
em nós
de garra, saliva, unhas
e pelos.
só juntos podemos ver a
poeira
que a reunião do nosso
rebanho
levanta na terra
sagrada do fim.
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