tudo rubro por enquanto
fora as fossas
sair da caverna é como
conquistar o cume
perceber quão alto é
possível morrer no chão
trazer tudo agora é
deixar a pia suja
refestelar a minhoca
que vive na cabeça
diagnosticar por uma
semana o poder da crise
tudo rubro por enquanto
fora o medo
caímos violentos das
árvores do coração
é preciso pedir ao
chefe que não se iluda
dizer aos amigos a
mímica do amor possível
afetos nas bigornas da
praça de execução
caímos aos punhados e
fechamos os punhos
pobres de nós tão
bonitos sem as cabeças
cortamos as camisas
para comparar cicatrizes
lambemos verdades que nunca
fogem à noite
pequenas cartilagens
crescem no vazio do osso
resta afundar a cabeça
em travesseiros épicos
consertar o rádio,
comprar uma joelheira
para que nada te impeça
de implorar guarida
de coisas pequenas que roem
as cartilagens
enquanto procuras romantismo
nos bolsos
apenas para explodir
num turbilhão de rotas
incrementar a punição da
tua invencionice
dizer com tendões que
deus pode demorar.
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