2.4.17

“o clã dos gatos”


jogados na rua sob a chuva
forte firma o que fortalece
a ânsia de sermos biônicos

nossa ração miúda de ratos
não maltrata as rotas garras
do nosso mais antigo afeto

quedamos no clã dos gatos
onde a vida pura geme nua
e os gritos invadem a noite

simbologia virá dos muros
e das roupas rasgadas do
roubo violento do golpe
à ponta de faca do uso
de loucos combustíveis
enquanto permanecemos
rijos no olho vesgo da noite
impávidos e sem liderança
lideramos gangues internas
arrastamos homens maus
com suas coleiras de caça
por quebradas explosivas
invadimos bolsas gordas
soterramos verdades rasas

nosso clã na vida acontece
estourando os holofotes
vivo à beira da indecisão
nosso clã na vida acontece
nesse amor trespassado
nessa coragem diminuta
nas férias como longas doenças
à esquerda do deus dos homens
à direita de toda vontade única
nosso clã na vida acontece
na ofensa estancada
no olho da compaixão
nosso clã na vida acontece
nas escadarias de odessa
enquanto descemos rolando
como nos velhos poemas de amor
nosso clã na vida acontece
com todo esse lindo engano
esse longo e tão a jato engano
do acontecimento mais profundo
e o mais superficial do mundo
pelo qual poderíamos passar.

Um comentário:

Isadora P. disse...

"osso clã na vida acontece
nas escadarias de odessa
enquanto descemos rolando
como nos velhos poemas de amor
nosso clã na vida acontece
com todo esse lindo engano
esse longo e tão a jato engano
do acontecimento mais profundo
e o mais superficial do mundo
pelo qual poderíamos passar."

eu amo esse final!