machados dentro se
devotam
em te espremer pelas
estradas
inseguras e te sentes o
tempo
todo prestes a sorrir
ou morrer.
dançamos de olhos
fechados
uma valsa constipada de
luz,
que insistimos em
confundir
com o aparecimento da
saída.
o rio da memória seca
ao sol
de um meio-dia
camusiano
quando nada pode
impedir
os olhos de vibrar
impasses.
não tens mais vinte
nove anos
e nem te lembras mais
quando
herberto helder morreu,
como,
por que pensas agora no
poeta.
é preciso incrementar a
farsa
para o machado pegar
fôlego
enquanto as sereias se
calam
no engano magnífico da
noite.
algo escuro grita no
tímpano
das calçadas, no que
perdes
teu passo e necessitas
criar
tua elegia múltipla de
ruínas.
uma a uma caem as
pilastras
sobre teu teatro grego
infiel.
palavras caem como
aviões,
a chance morre ao meio-dia.
mas de algum modo te
preciso,
no contorno de um
resmungo,
na imprecisão da
paternidade,
forço dentro de mim teus
dias.