o sangue é nosso tabu, dizemos
ao acordar
e nossa dança é um
grito esfarrapado
de sorrimos-cantantes-nas-labaredas
porque todos os dias é
o mesmo
tabu do sangue, uns
dedos inquietos
que não podem mais se
beliscar nos bolsos
bucetas e paus lacrados
pela repulsa ao sangue
que se acomoda sempre
do lado certo da opinião.
andamos lacrados e
pedintes de cara fechada
ou então a loucura
agridoce do ser em demasia
porque o sangue é nosso
tabu
morremos sem sangue,
mas não queremos vê-lo
ruíram as nobres pedras
de nossa primeira aprendizagem
patinamos agora sobre as
lâminas de novos cumes
ainda em estado de
veneno e aparição
e sedentos por uma
estrutura mensurável.
o “ao redor” é cômico
quase como uma abstração
estás ali também, no “ao
redor”, desaparecendo
porque carregas o sem
sentido benévolo da continua voragem
porque tens um sorriso
de chumbo
porque colecionas sacos
plásticos –
porque já não é mais
algo simples
viver e ouvir a música.
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