10.5.15

“mais um dia das mães”




faz frio aqui na terra, juca, mas eu sei
que sentes minha presença muito bem
fora da terra e dentro do teu território.
o frio aqui é uma conjuntura contínua,
percebes que guardamos tanto de nós
para sobreviver às geleiras da loucura.
me ensinaste com teu peito a suplicar
pela magia simples que de longe olha.
os barquinhos na banheira ganham limo
e as camisas brancas se tornam amarelas
no pano ritualístico da lágrima comum.
desculpe se não deixo que desapareças,
desculpe se não permito que descanses,
mas faz frio hoje, juca, faz frio na terra,
e nenhum dia é jamais um dia comum
desde que os barquinhos na banheira
ganharam limo e o limo é feito o afeto
que diluo em lembranças inventadas
e verifico em rugas debaixo dos olhos
fechados na proteção dos teus cabelos.

3 comentários:

Isadora P. disse...

meu bem, você desliza lindamente por essas placas de memórias recriadas. sentimental, no melhor sentido da palavra e por isso, potente.

queria ter conhecido a tua mãe.

Anônimo disse...

caralho, Leo, que lindo. chorei.
Mary

Anônimo disse...

Amo demais este! beijos da tia