é estranho ler o diário
de alguém que se matou.
difícil refutar o que
leva
alguém a tão estrondoso
apaziguamento da vida.
alguém que esqueceu
de que fazer poesia
é como fazer amor:
não se pode saber
se a alegria sentida
será compartilhada.
quem foi esta mulher
que te alçou a gênio,
que te fez um mártir
das fofocas literárias?
é estranho ler o
diário,
mas é mais estranho
chorar toda a beleza
das dezesseis pílulas
do resgate unificado
do amor e da fartura.
o tumulto nas ruas,
disse o desistente,
não poderá alterar
o novo ar parado.
o tumulto das ruas,
disse o replicante,
será outra vez, e só,
tumulto do coração.
que luz extraviada
fará vênia cordata
ao neófito do caos?
Um comentário:
Adorei esse (e o do Pasolini!).
Adoro esse tom de curiosidade, esse desejo de estreitar a distancia, de trazer proximidade ao perdido, ao inacessivel; essa tentativa, falha ja de partida, de cercar o objeto, aspira-lo, entende-lo em seu enigma e deixa-lo partir intacto, incognoscivel.
Muito belo, morcego.
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