15.3.15

"este homem"


olhem bem para este homem curvo,
percebam bem, é bem visível, não há
nele um gulag ou coito interrompido.

a lobotomia sem corte murcha leve,
mas por pouco há nervos em choque.

tudo se torna vagarosamente rudimentar,
perigoso com a roleta com areia nos pés.

os lindos sorrisos ou gestos espontâneos
derretem-se na fenda dos passos de cera.

porque o sobrevoo deste homem curvo,
agora mesclado e sem saída e louco,
causou o vácuo dos males do acúmulo,
de um tempo que de tão desconhecido
quando aprovado torna-se pai no bolso.

mal aqui me movo nas tais intenções
que me fariam preso de todo modo
e fariam mal aos melhores que eu.

arrastado, cigana, longe do jorro,
percebes que os sapatos de sangue,
os sapatos não são apenas versos.

são lindos versos, mas somos nós,
não são sapatos de algum carinho,
somos nós sem carinho e sapatos,
somos nós essa pétala em verme.

sonho que você cague por inteiro,
e sem papel ou ajuda magistral,
sejamos nossas próprias mãos.

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