31.12.14

"boas viradas"



já é manhã na madrugada dos poros,
refletimos sobre a morte e decolamos.
botos assassinos fazem piruetas no ar
e as caixas de luz explodem nas ruas.
estamos à beira de novas ansiedades
por mais, por menos, por saber medir
o peso que a casca acresce ao âmago.
sem ser estátua nas velas do destino
ventamos ciscos nos olhos da prova.
o boato das entranhas incita os anos,
à margem da cor há botos assassinos.
mas há também um esplendor doente,
forte de estar incerto sobre a margem,
que pacienta o fôlego, range os dentes,
que brinda e calcula a altura da espera.

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