2.8.14

"férias em araruama"


abrem-se as portas deste mês caseiro,
o mês que é tido como de pouca sorte.

aqui estamos nós dentro das pequenas
possibilidades que enfim estouram junto
ao alho que queimamos com as cebolas
ao lado das iscas de frango cancerígenas.

fazes a cama em silêncio enquanto tusso
e crio bolas de pelos brancos na garganta
e doem os dentes de um ato esperançoso.

entre as partes há ainda um passado curvo,
abrimos compotas enquanto ao largo passa
o navio fantasma de nossos primeiros anos.

formamos as hastes de um novo domínio,
preparamos os vegetais dessa intimidade.

mosquitos devoram a paciência do beijo,
a corrida sustenida em torno de uma cura
incha os joenetes dos chutes em postes.

tomaste o trauma em linguagem agridoce,
pisas firme o passo da escolha permitida.

comandamos juntos a delicada ausência
da corda que desaparece de tão esticada.

abrem-se as portas desse mês caseiro,
o tempo do amor é a trégua dos olhos.

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