abrem-se as portas deste
mês caseiro,
o mês que é tido como
de pouca sorte.
aqui estamos nós dentro
das pequenas
possibilidades que enfim
estouram junto
ao alho que queimamos
com as cebolas
ao lado das iscas de
frango cancerígenas.
fazes a cama em
silêncio enquanto tusso
e crio bolas de pelos
brancos na garganta
e doem os dentes de um
ato esperançoso.
entre as partes há
ainda um passado curvo,
abrimos compotas
enquanto ao largo passa
o navio fantasma de
nossos primeiros anos.
formamos as hastes de
um novo domínio,
preparamos os vegetais
dessa intimidade.
mosquitos devoram a
paciência do beijo,
a corrida sustenida em torno
de uma cura
incha os joenetes dos
chutes em postes.
tomaste o trauma em
linguagem agridoce,
pisas firme o passo da
escolha permitida.
comandamos juntos a
delicada ausência
da corda que desaparece
de tão esticada.
abrem-se as portas
desse mês caseiro,
o tempo do amor é a
trégua dos olhos.
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