30.12.13

"vem dezembro"



confundo tâmara com damasco.
quase perdi um dente com ameixa em passa.

minha barba cheira a algo idealizado.
há uma sede de bílis em minhas pedras.

o corpo de enfermagem,
escolho o corpo de enfermagem.

palhaços calvos como os dos filmes de terror
adentram aos risos o quarto cirúrgico.
há o escolher a vida ou o método,
mas as doses aumentam
nos poros da minha curiosidade.

instalações,
todos querem saber das instalações.

amanheço fora de todo concreto.
pastoso o frio no corpo superior.
um incômodo de panos
nas tranças de meu abecedário.

um homem muito bonito
entre os gases da minha adequação.
nublado e as pedras de bílis.
sem frio agora as rampas da vesícula.

é preciso enviar flores.

um atendimento tão humano
não se encontra em qualquer crise.

é tempo de cobrir as partes.

troco sândalo por vândalo em sandalismo.
muletas, cores de um despertar.
você precisa de tênis vermelhos,
me diz a menina de vinte um anos.

o corpo de enfermagem,
escolho o corpo de enfermagem.

autorizam-me finalmente a cobrir as partes.
é um vestido antigo o elo até a cabeça.

são lindos olhos os que o senhor tem.

fazer um colar com as pedras de bílis
parece fora de cogitação.
esta é apenas uma pesquisa
feita na casa de partos.

acima dos olhos os cílios de um paradeiro.
existem filas para a prevenção
de problemas bem maiores.
se um vinho ao menos lembrasse
a preguiça de meus engenhos.

confundo tâmara com damasco.
quase perdi um dente com ameixa em passa.

é preciso render ainda que meia hora mais
a solidão dos pulsos adestrados.

sonho percevejos deglutindo flores.
seria de bom tom enviar
flores ao corpo de enfermagem.

impressiona a todos minha rápida melhora.
mensagens se acumulam no silêncio de dois lados.
comediantes fartamente usufruem
de minha essência para o ato técnico.
o jogo anfíbio permanece em giro
enquanto se briga pelo bilhete premiado.

outra manhã se descalça num abracadabra civil.
cabeceio a inscrição das trinta e duas unhas da estação.

tenho fé em ser forte.

um escândalo de mel se equilibra em meus trapézios.
escolha furtiva essa do bruto livre.

o corpo de enfermagem,
escolho o corpo de enfermagem.

entre onde e quando, um declive bromado
houve uma última vez antes entre duas nevascas.
acalmo o cesto onde guardo meu réptil.
está sombreado o terreno fértil das máscaras.

queimarei todas as naves
no sofrimento de mito em mito.

afastou-se o galo incerto, homem.
mas sofro, além sofro, aquém sofro.
é chegada a hora do desague jurídico.
o menino sobre o qual se põe o índice
do enredo dos enredos do enredo.

fala-se vagamente
sobre um pouco de saliva e terra.
lembro-me vagamente
de algo neste sentido e sofro.

autômato arteriado de círculos viciosos,
vem dezembro com suas trinta e uma peles rotas.

impossível não recordar o magro senhor doce;
farol irregular, o dia induz a dar-te algo.

aqui me tens, paz de uma só linha.

sei dos noivos defuntos desse diamante implacável.
dóceis se aproximam com sua fixada técnica.

é o tempo da desora.

bruto como postiço alcanço
a côncava mulher.
são quatro paredes
nesses anos latitudinais. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Começou bem o ano! Bjs. Mary