2.9.13

"jussara beatriz"


vulto que se cala à medida que avança,
passageira preciosa do primeiro embarque.
agora que falar é matar o que não foi dito,
um jato de esperança umedece a face morta.
mas o futuro não passa de um arrojado arco
que evolui sobre a seca de um lago escuro.
me atrai o medo que, sem ti, cego improvisei.
atormentado que fui por minha própria sede
acabei afogado num oceano de invernos.
hoje procuro tua lembrança em espelhos,
porque sempre há algo que sobra em nós
nos cacos de um passado nunca morto e

que nem mesmo se pode chamar passado.

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