25.6.13

“passeata”


queria inspiração agora que levanto
para deixar um pensamento rápido
e seguir andando, como quem nega
que aquilo tenha sido exatamente
uma inspiração ou explosão criativa,
sorri, dá bom dia ao porteiro e estala
os dedos com uma batida de Mingus
e desliza pela rua roubando as maçãs
do feirante italiano que tira o chapéu,
enxuga a testa e dá um longo assovio,
como aquele dos desenhos animados,
e sozinho vai, sem nenhuma revelação
a não ser a sensação de tê-la deixado
para trás num pensamento feito a jato,
já que a maioria é ninguém e a minoria
é todo mundo; e tudo que resta de nós.


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