com
as unhas sujas de sangue outra vez,
arrasto-me
para fora da cama, para a vida.
que
o sol lá fora colha milhões de amores,
que
a vida por dentro seja pó de tentação,
minhas
unhas sujas de sangue dizem algo,
uma
confirmação temporária, definitiva.
não
lavarei jamais novamente as unhas,
elas
ficarão assim pelo tempo usufruído.
nadaremos
sem remo nesse mar turvo?
não
te perguntarei mais nada, estou mudo.
lavar
as mãos é para os bandidos e santos,
talvez
tu não venhas a te orgulhar de mim,
mas
a lembrança do que ainda geme sujo
por
entre as unhas que jamais serão lavadas
é
o tiro limpo de que precisamos para morrer.
e
sorrirei, e acordarei para sempre sorrindo,
porque
sendo possível ver o sangue de perto,
fica
mais simples carregar a aresta invisível
do
peso do sangue entre os que não surgem.
e
não são beijos, nem dedos que vão fundo
naquilo
de que dizemos “é deus”, e somos.
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