18.6.12

"malha fina"

imaginemos então que
sobre a malha fina
de um gramado celeste
houvesse um ser esperando por nós.

ali estaria ele esperando
que déssemos a ele um nome,
ele que foi concebido na mistura
de dor e afeto e plasmas de paixão,
e ali estaríamos nós sem nomes
para dar a nós mesmos.

é preciso força,
contra a paralisia e contra
a falta de coragem,
para imaginar acima das palavras
essa malha fina
onde nos espera o antecriado.

do vão inacessível de nossos excrementos
surge o inanimado presente,
o feto do amor romanesco
em tempos de corpos em sacos.

e sabemos que uma vez pusemos
o nascente em contato com o que morre,
aquilo que se mexe em nós
avassalando a pele com pontas;
houve o encontro, imaginemos,
nessa malha fina, onde enfim
pudemos inaugurar um sonho.

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