você é para mim uma nova revista
de um novo papel timbrado
com uma lombada cintilante
que se abre em suas mil páginas
e eu olho para essas páginas
como a criança que fui
e você me lembra da criança
que eu não posso deixar de ser
e eu sempre sinto seu abraço
suas mãos um pouco mais frias
do que as minhas, mas nas minhas
e sempre antes de dormir
eu beijo teus olhos e esfrego um pouco
minha barba, que agora cresce,
no teu ombro que é também meu ombro
porque com a sabedoria da tua presença
em mim posso suportar melhor o peso
das coisas que não mais estão
presentes e você é um presente
de reconciliação com a vida
que agora não mais me escapa
mas se enche como matéria viva
dentro do meu corpo e nos meus pêlos
porque o que temos aqui, neste instante
é algo que fica feio ao se explicar,
então recebo teu abraço extra
como a mulher de imenso busto
recebe o guerrilheiro ferido
mas sorridente com a fim da guerra.
25.4.12
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