22.11.11

"pelas manhãs, voltei a correr"

sabe, querida, pelas manhãs voltei a correr.
sinto de novo o amor a me catar pelos pés,
então outra vez eu me lanço e me distancio.
mas corro só um pouco, apenas o suficiente
para transpirar e saber o que de mim escorre
para longe do amor e, é claro, longe de mim.
mas volto sem amor e acendo então o cigarro,
pois no fundo quero a Síndrome de Estocolmo,
ser pego pelo algoz e viver em seus domínios.
outro dia quase fui atropelado por uma dessas
carroças velhas que falam e ela te viu do outro
lado da rua, com o beijo que te mandei no ar,
e então ela disse: “o amor é tal qual a porra”,
e pensei: o que ela fará quando eu for mesmo
atropelado e cair sem forças, atingido por ele
em cheio, te juro que pensei: “o que ela fará?”
virá até mim rodriguianamente, como quem
chora por tudo o que não fez em meus braços,
ou virá tal qual Iago, para dar a facada amiga?

Um comentário:

natércia pontes disse...

incrível, tu é demais. só o final não captei porque não li esse sheiquispiari.