13.10.11

"um pedaço de alguém"

descolam-se dos pés as vibrações
do primeiro verão da alma, atuam
flores em cemitérios cinzas do ano
mil e novecentos e pouco importa,
há outra desolação, há festividade,
no exercício do medo aprendemos
as divertidas margens de todo calo,
a redondeza supérflua das paixões,
de que não abdicaremos jamais, ei!
ouviram bem que não abdicaremos!
abram se quiserem com suas presas
de família, filho, propriedade divina,
as costas de nosso amor inexplicável
e colocaremos mesmo sem nos virar
fogo nas casas santas de vossas teias
para aquecer teu coração que dorme
nos pregos do que insurge sobre pele
e para sempre será o grito de heyjoe!
porque não sabemos muito, treme-se
só de pensar o quanto não sabemos,
e sabemos da validade de nosso riso,
pois curto é o tempo de todo milagre,
nossas gaitas de judeuzinhos magros
sempre nos bastaram e nada é nosso
a não ser a tentativa falha do imenso.