"Nesse momento, ele se voltou para mim e apontou-me com o dedo, continuando a me fulminar sem que eu entendesse bem por quê. Sem dúvida eu não podia deixar de reconhecer que ele tinha razão. Eu não me arrependia muito de meu ato. Mas tanta obstinação me espantava. Gostaria de poder tentar explicar-lhe cordialmente, quase com afeição, que nunca me arrependera verdadeiramente de nada. Sempre estive dominado por aquilo que ia acontecer, por hoje ou por amanhã. Mas é claro que, no estado a que me haviam levado, eu não podia falar com ninguém neste tom. Não tinha o direito de me mostrar afetuoso, de ter boa vontade. E tentei continuar escutando, porque o procurador começou a falar de minha alma".
(O Estrangeiro, Albert Camus)
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(O Estrangeiro, Albert Camus)
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