24.6.11

"poema encontrado nas gavetas de 2006"

"Infâmia"

Quando um homem fica velho
nem sempre é quando ele tem idade
Às vezes é quando ele não tem muita
outras vezes é quando sabemos quem somos
quando dizemos aos outros: eu sei quem sou

Ou quando passamos a pensar em nós de fora

Ser velho é perder o tato com o medo
ser velho é semear angústias transgênicas
ser velho é acreditar nos contornos do espelho
É quando os olhos fazem maquiagem nas flores da face
não por elas serem velhas, infames, cheias de pêlos
mas por elas serem um sonho que descolou do precipício

O tempo sabe quem sou e porque sou e isso me envelhece
Saber quem somos serve apenas para os vermes
que – estes sim – têm certeza absoluta

4 comentários:

Andre Bezerra disse...

Me deu vontade de sair lendo para todo mundo esse poema. Muito lindo, Léo! Obrigado.

Camila de Moura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Camila de Moura disse...

e quanto! bravíssimo leonid!

Mary disse...

BRAVO!! BRAVO!! BRAVÍSSIMO! Uma pérola negra nesta manhã de chuva. Beijos Leo.
Mary