por ora os abutres sobrevoam
a lagoa fetal e, muito em breve já munidos
com as devidas garras de enxofre,
eles darão o rasante metálico
e tudo isso será apenas uma história,
um mito, um terá-alguma-vez-isso-acontecido,
mas os amantes estarão esfarelados
em suas carnes antigas, abraçados numa confusão pagã,
a carne nova estará no balcão vermelho dos negócios de feira,
as breves frases delicadas ter-se-ão tornado
bustos pesados de paz em vírus.
a galope o pequeno órgão ratifica
a vaga culpa, estamos nus sob um sol úmido,
não há realmente porque falar sobre isso com ninguém,
as salas minúsculas e os alquimistas calvos
afunilaram o ambiente com paciência e muito ânimo.
serás processado, triturado e lançado ao acaso
em tua própria tendência succínea, e não será possível
abrir mão deste silêncio como osso tranca-traquéia,
ainda nem uma cabeça, um todo
verminal que no entanto pulsa.
a morte da Grécia está nas ruas
e já não poderei vê-la porque a partir de agora
os olhos forçam para dentro as mágoas,
as covas rasas se alinham ao ventre,
não há realmente porque falar sobre isso com ninguém,
entende-se que a morte do pai reaproxima o par,
pois que assim seja, saberemos renunciar
a qualquer passado por uma nova vida, daremos
as mãos em nosso pior inverno, riremos como clowns
e poderemos até assaltar um banco, costuraremos
as máscaras dos sorrisos heróicos e caminharemos
com menos um pedaço, adiante.
22.6.11
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Um comentário:
Porra, Leo, que foda! Te amo.
Mary
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