18.6.11

"Brasília"

o problema sério de Brasília
são os prédios de pastílhas,
tristes seres que se afagam
nas mil quadras de mil blocos.
Brasília é homem que jamais
pode morrer, mas traz a faca
que sem lâmina nos mata,
nos faz maiores para falar:
Brasília ao longe teu avatar
já não comove nem um grego.
país ao longe, tão brasileiro,
vapor ao vale na imensidão.
sangue escorre, e tenho pena,
Brasília corre com pés no chão.
mas qual o chão, se aqui se morre
pensando em atas de distinção?
o que nos mancha, se temos sorte,
serão as salvas da alforria.
Brasília monstra, por que Brasília,
se onde há homens não há poesia?
não ser Berlim, nem bem Paris,
com a magia dos sem-coturno.
não nos amamos, e sei contudo:
te devo a vida, e o chamariz.
amigo Heine, eu bem entendo
com a frieza dos bigodudos:
além de tudo, há lá mil vias,
línguagens cínicas do violão.
Brasília, a morte nunca foi tua
mas somos todos o teu caixão.

4 comentários:

Ozias Filho disse...

gosto muito das estéticas dos seus poemas... falam tanto quanto os textos... fique bem!

Brawlhó disse...

E ae meu camarada Leo! Boa noite!
Como é que terminou aquela noite de bebedeira nos trajetos do Flamengo/Botafogo? Conseguiu chegar em casa em paz? Rs

Nossa, adorei o seu blog! Adorei os seus poemas também! Na verdade, eu já tinha lido alguns deles em outros blogs. Eu o conheci no blog "escolhas afectivas". Olha só que engraçado né!?

Mande-me o seu email depois para mantermos contato e marcarmos outros trajetos e percursos alcoólicos-literários à la Bukowski. Rs

O meu é este aqui oh: brauliocoelhoo@gmail.com

Um grande abraço meu caro!

Mario Marona disse...

MUITO BOM!

jucante disse...

Brasília a ilha da solidão.