17.1.10

"vem, vamos embora"

é, meu amigo, os espelhos

têm os dentes finos

dos cadáveres putrefatos,

eles não escondem

a dedicação desordenada

com que um se dedica,

ereto, com ardor mitológico,

embranquecendo

os cabelos, a cor trocando

na pele inconstante,

os amores – ah os amores!

– chegando, ficando,

emigrando com os gemidos

irrecuperáveis dessa

ternura asfixiada – debaixo

da chuva esperamos.

2 comentários:

Vanessa disse...

Ah, me lembrei dos poemas tristes- e lindos! - de Augusto dos Anjos...

Anônimo disse...

bonitos versos.