6.1.10

"l'amore no"

forte como o sol, hoje arrancarei tua roupa

e, vagarosamente, penetrarei por um segundo

no teu âmago, como diria Leopardi, te farei

dizer meu nome aos sussurros, o dedo fundo

na tua boca úmida, nossa respiração obscena

envergonhará os versos, arrancará toda asa.

seremos o delírio árabe, e as sirenes trarão

os mortos pelo êxtase, e a completude viva

do cansaço, do sol sufocante, do suor morno

compartilhado entre estranhos serão a nossa

força, nossa diáspora, nosso pistão de ferro.

e desatentos, desditosos, iremos com braços

dados, em meio aos turistas de outras línguas,

enquanto nós, os perenes, diremos baixinho

na única língua do amor: “no, l’amore no”.

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