7.12.09

"taís"




com a barba vermelha banhada em sangue,

dirijo-me à gruta da tua vontade liquefeita.

os olhos já não esperam a carne do vacilo,

o corpo treme, mas as mãos, enfim, unidas

massacram com delicadeza tua pele úmida.

tento falar das coisas do amor, mas tu fechas

com tua mão minha boca e exiges um pouco

do veneno cotidiano que nos salva e arrasa

as paredes do tédio diário, e nós estamos ali,

nos banheiros apertados, agarrados à volúpia

que não exige palavra, mas sim o desperdício

com o qual faremos a comunhão das espécies

e pularemos etapas, nos graduaremos ciganos,

não precisaremos talvez mais ter que começar

os poemas com as barbas banhadas em sangue.

estaremos tortos enfim, para sempre esgotados,

e nosso sorriso satisfeito calará todos os poetas.

2 comentários:

Anônimo disse...

oi, leo, você ainda escreve? beijos
dani

Mariana Botelho disse...

veja, leo ainda escreve :)

e bonito.