miseravelmente, dessa vez escreverei em vermelho,
miseravelmente, cavalheiros, pois que me faltam
dentes para a poesia, rarefeitas ficaram as rimas
e os olhos, mitos de cetim, justificam as falhas,
que desabrocham no ar do raciocínio amortizado.
estamos nas ruas ao menos, mas a chuva precipita
o fim dos nossos pulmões, a tísica que, seca, avança,
o erro de toda a espécie, e vamos soltos, sem fígado,
colher as flores tardias para uma epopéia perigosa.
somos a reprise de uma antiga estação, mas as roupas
são coloridas, as bandanas franciscanas desempenham
soluções escrupulosas para a completa falta de espaço.
as caras quebradas, a boca de gelo, as curvas fáceis
desafiam o tempo e a saúde, estamos lilases na chuva,
com nossas pernas em transe, à espera do ciclone
prometido por Camus, e quem dera pudesse o Kundera
ver a margem tensa do deslize, tomar o caldo mágico
da fome, quando faltarem as palavras, quando a asma
tomar o corpo, então nós assobiaremos a todo volume,
e pálidos seguiremos com essa tristeza em flor de lótus,
e mais uma vez as senhoras apoiarão nas janelas o busto
com seus lenços na direção dos últimos sobreviventes
que vieram de longe e cuja morte trará a terceira guerra.
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