quisera eu entender os motivos
dessa quinta marcha alucinada
que rompe a têmpora e arranca
pernas, frisa o salto ao que há.
ah! que talvez essa pressa rude
já venha de muito, muito longe,
contra-golpear a corrosiva dádiva
de querer ir para onde já se está.
talvez a testa pulsante, as unhas
roídas até o talo, quase góticas,
o andar que, pobre, já não sabe
quantas mortes se fazem passos –
e lá, distante da visão dos restos
que se consomem para muito além
do perdão, da rala visão estapeada
em que vibra, embora desditosa,
a força de olhos que ardem mudos,
dessa louca delicadeza humilhada.
8.6.09
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Um comentário:
É provocante e original como você trata o tema do "destino", algo que se imiscui em seu verso - este "para onde vamos" permanente, e a recorrência de determinadas imagens esvanecidas or uma distância que não é fato, é condição interior. Os passos aqui - >de querer ir para onde já se está< ligam-se àqueles, de um outro poema maravilhoso, o dos "camelos", que surgiu no blog pouco antes do lançamento de seu livro. Entretanto, e ao contrário do que se espera, o destino não aparece para ser alcançado porém, ao contrário, como algo que está irremediavelmente extraviado - esta pressa rude que nos move para o nada!Grande!
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