permita-nos mergulhar de cabeça
na fonte e nos arbustos densos
de uma nova delicadeza revoltada
– nós também precisamos passar.
fomos por muito tempo presas
assustadas, engolindo os erros
acumulados pela fé decapitada.
e por muito tempo ficamos fora
dessa tal “Grande Equalização”.
por favor, deixe-nos passar agora.
falo por nós e não só por mim,
pois, como eu, são, foram muitos.
não nos deixe, delicadeza, voltar
à casa, infestados e desprovidos
desse líquido seminal que, cegos,
chamamos de amor entre os seres.
você, velho libidinoso, que vê
bondade em tudo – mas a visão
será somente do poeta – você
nos abriu os corpos paralisados
diante de um precipício lento.
nós somos os das entranhas malogradas,
aglomerados em redomas achatados por
grandes perdas – enormes corporações.
muitos falaram, inclusive você, por nós,
não duvidamos de suas boas intenções.
mas nunca um de nós falou por nós e já
não podemos mais esperar, abre a porta
portanto sem demorar mais e nos arranque
de todo esse equivocado, antigo sacrifício.
você tocou o primeiro clarinete de fogo,
deixe-nos sair do fogo, recuperar a casa.
31.12.08
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Um comentário:
Gostei muito deste e do blog inteiro. Deixo então uma baforada de lembrança.
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