20.9.08

“mais estranho que o paraíso”

andar pelas ruas se tornou algo banal.
me pergunto: será o fim da poesia?
tanto faz o que é ou não é ou se é.
o que é ou não é de qualquer forma será
e então já foi – não importa mais, é resto.

sou alheio aos homens e deles me alimento.
tudo não passa de tempos verbais,
pequenos erros bem-intencionados,
o não-dito, um embarque imediato
para Budapeste.

escrever portanto um apenas para o cérebro,
para a massa disforme que formula enganos.
apenas para limpar o antro, polir a máscara,
criar um novo tédio dos passos se somando.
dizer "te amo" como quem acena de um trem.

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