27.5.08

"buraco no jornal"

o poema recortado na capa do jornal
foi o poema que passou despercebido
o que falava de estrelas e noite turva
era um poeminha curto, preto e cinza
o poema recortado na capa do jornal
era pálido, era dócil, pedindo ajuda
é claro que o poema falava de morte
dessa morte leve de todas as coisas
a morte pela qual apenas passaremos
crentes nas dores da redenção inapta
e nunca saberemos o doce do sangue.

e flores brotaram das toalhas de mesa
e era uma tristeza ler “casas sem mãe”
o poema recortado na capa do jornal
falava sobre o peso flácido do agora
e da comida caseira dos novos poetas
o poema falava das coisas não vistas
das coisas quando as coisas vão embora
falava do buraco no peito de todos nós
o buraco criado pelo medo do duvidoso
e do movimento vago das coisas surdas
roedores sem dentes na pele das horas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Li seu poema. Foi-me enviado, sou do Conselho Editorial do Plástico Bolha, gostei mto, É uma leitura mto singela do poema da Bea, saiba que ela gostou mto, além do mais, é um gde texto por si memso.

Alice Sant'Anna disse...

leonardo, muito obrigada. os seus finais que são lufadas na pele das horas.

beijo

leonardo marona disse...

alice, coelho, vcs são leitura de peso. mande minhas lembranças a beatriz. ela fez um belo poema, que eu recortei e guardei pra mim. diga a ela. até a próxima. um grande abraço.