9.2.08

"digas também" (Paul Celan)

Digas também,
digas no fim,
digas teu dito.

Digas -
Mas não distingas o não do sim.
Dá também sentido ao teu dito:
dá-lhe a sombra.

Dá-lhe sombra bastante,
dá-lhe tanta
quanta vês ao redor repartida entre
meia-noite e meio-dia e meia-noite.

Olha em torno:
vê como tudo ressurge -
Na morte! Vivo!
Diz a verdade quem sombras diz.

Agora, porém, encolhe-se o lugar onde estás:
Para onde agora, dessombrado, para onde?
Sobe. Tateia em frente.
Tu te tornas mais franzino, irreconhecível,
[fino!

Mais fino: um fio,
em que ele quer descer, o astro:
para em baixo nadar, em baixo,
onde ele se vê cintilar: na ondulação
de palavras peregrinas.

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