7.10.07

"a hora máxima"

aos amigos as mãos cortadas
sugerem tardes tenebrosas em que fujo
escavando o vácuo e no asfalto a chuva
cria leve uma fumaça que soa lilás.

ficarão, sim, aqueles corrimões alados,
as onças pintadas pelo esforço do medo.
ficará talvez aquela caprichosa lágrima
mas ninguém saberá o que deve ser feito.

quando enfim a hora máxima se acumula,
o crepúsculo é a alcova do Conde Drácula.
e lá estarão os portadores de boas novas,
ainda lá o tabu das noites, o túnel sem luz,
o piano desdentado, a fome sem teclas.

talvez os cacos de uma delicadeza inerte
tenha enchido de sulcos os traços da face.
quem sabe se a farsa do que não permanece
não será a pedra de pouso dos que passam?

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