para Uirá dos Reis
mais forte do que eu,
treme o anjo decaído.
entre gritos e gemidos
vaga lento pelas ruas
arruinado pelo crack.
corre frágil o coração
no fio fácil da navalha.
cheira cola de sapato
com as unhas pintadas:
limparam seus bolsos.
de mãos dadas com outro,
segue o amor, fica o anjo.
rumo à trilha desconhecida
ele tenta voar, ir embora.
anjo dos olhos que dizem:
“mate-me por favor, agora”.
estrelas no sangue escorrem
pela glote do anjo sem vida.
a sigla do abandono é a bílis,
suas tripas fustigadas, horas.
anjo dos olhos que suplicam:
“mate-me por favor, agora”.
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