Mark Binelli: Você foi roqueiro na adolescência. Sua mãe aceitou numa boa?
Johnny Depp: Até que sim. Eu deixei a escola... feito um idiota. A música era tão importante para mim, era um santuário, me dava sensação de segurança absoluta. Na escola, eu não me sentia assim.
M. B.: Algum show se destaca?
J. D.: Abrimos para o Chuck Berry uma vez, em Atlanta. Naquela época, ele não tinha banda fixa. Aparecia na cidade e ali tinha de ter uma banda, uns locais. Acho que ele supôs que éramos a banda dele, então entrou no camarim, largou a guitarra - eu era um idiota, tinha 17 anos. Ele se acomodou, olhou para mim e disse: "O que é que foi, pirralho?". Respondi: "Nada, nada". Não tive coragem de dizer para ele que o camarim ficava no andar de cima. E então ele perguntou se a gente podia afinar a guitarra dele. Pegamos aquela 335 vermelha e a afinamos. Um monte de moleques.
(...)
M. B.: O Marlon Brando foi um mentor para você. Vocês falavam de atuação?
J. D.: Uma vez ele me perguntou: "Quantos filmes você faz por ano?". Eu respondi: "No ano passado, acho que fiz três". E ele disse: "Não faça muitos". Perguntei: "Por que não?". E ele: "Porque temos somente algumas caras no bolso". Já no fim, quando Brando falava sobre seu trabalho, estava displicente. Ele já não via nada demais nisso, sério. Um cara que era chamado de gênio desde 1947. Acho que ele estava infinitamente mais interessado na verdade.
*trecho recortado da entrevista de Johnny Depp à revista Rolling Stone, edição do dia 13 ao dia 27 de julho de 2006.
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