27.7.06

"adeus"

Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco.
Procurar-me-eis; e, como eu disse aos judeus,
também a vós o digo agora:
para onde eu vou, não podeis vós ir.
(João, XII, 33)

hoje estou
contando os dias
com a ligeira impressão
de que me cortaram fora
os dedos.

existe um ônibus
me esperando
do outro lado
do pensamento.

ouço seu freio-
motor antecipando
uma curva fechada
onde repousa meu
óleo essencial.

nunca se está
preparado
o suficiente
para andar.

desde bebês
aprendemos
como é isso
com um passo
após o tombo.

pelas curvas
dessa
nova estrada
queria
encontrar
no lugar das
placas
marcas
de pneus gastos
e nas marcas
rastros
do meu amor.

mas ninguém
conhece o que
ama.

ama-se
surpreendentemente

como quem acolhe
um tiro.

5 comentários:

natércia pontes disse...

(florzinha murcha)

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

esse poema tá lindo. já estou com saudades, sentindo falta das coisas que você trazia, mas viver ainda é novo. eu espero que você encontre...
beijos.

Anônimo disse...

Oi Marona. Não quero desmerecer seu texto (do qual, aliás, eu gostei muito), mas vim aqui essencialmente desejar - para sua nova vida no Sul do país - que ela seja boa/melhor do que é agora.

Queria ter podido aparecer por aí, andar pela cidade, conhecer os sebos e tomar sucos de "uma-fruta-só". Tenho (temos, se eu conjugar as meninas também) planos de ir te visitar no final do ano.
Procure uma janela alegre para os tsurus!

leonardo marona disse...

gica,

tua fruta me saboreia.

beijos pra ti, te espero.

leo