conveniências eróticas
enfeitam as vitrinas e
entopem os esgotos.
“aluga-se uma namorada”
diz o santinho com cara
bagaceira entregue pelo
menino da cor de pedra.
“ônibus estraçalha idoso”
pelancas de tempo com
os olhos amontoados na
banca de revista onde se
compra cigarro no varejo.
e uma senhora repuxada
com os dedos dos pés em riste
como garras de enguia chocada
pintadas de antigamente
diz a uma outra cuja fé
é sustentada por linhas
como fantoche japonês:
“quantos de nossos esforços não
passam de oferendas ao nada?”
pelo que a segunda responde,
depois de pensar em silêncio
quando até os motoristas de
ônibus pararam de cavoucar
as orelhas peludas e mortas
e os passageiros entregues
fizeram o sinal da cruz
porque morreram antes
de esquecer a empreitada:
“virgem santíssima!
jesus seja abençoado!
esse silêncio significa
que acabou de nascer
um padre
e eu que morri
continuo viva aqui em pé:
acompanhada do milagre!”
1.8.06
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