4.5.06

“Silvana Mangano”

Silvana, a tragédia é toda tua
teu sorriso é o vale do meu pó
tua solidão, meu teorema incompleto
por tua falta Veneza morre a cada dia
tua boca é meu pedaço de conversação
tuas ancas largas, meu boogie woogie
teu véu de pecado engrandece Maria
Silvana, por deus, mantenha-se minha
nunca desapareça da minha miragem
tu que manténs homens pendurados
em espetos como pedaços de carne
tu que tens nos seios o poder da manga
nunca esquecerei dos teus pés delicados
jamais de tuas unhas como as de um gato
de teus olhos como dois relâmpagos
sei que esse poema é pouco para ti
sei também que é pouco para mim
mas mesmo a tentativa do preto
não apagou o branco da tua maçã
o filme era muito velho, de 1949
parecia que eu era o soldado pobre
aquele a quem você deixava por ouro
o engano da tua carne foi o erro do mundo
que levou teus passos ocos até a torre alta
teus cabelos mal cuidados da cor de tudo
tua morte sempre esteve no meu peito
como algo que nunca se completou
e sei que esse poema é pouco para ti
sei que é sem critério ou vanguarda
mas tento fazê-lo tão antigo quanto
o dia em que vi dançarem tuas pernas
e nunca mais me esqueci do teu nariz.

*se quiserem ver uma mulher extraordinária em ação,
procurem o filme "Arroz Amargo", de Giuseppe De Santis.

Um comentário:

Garota do outro lado da rua disse...

você acredita que tenho esse filme em casa e nunca vi?
vou lá correndo.



ah! você tem razão, estou apenas engatinhando nessa arte de me tornar marcia denser, mas é isso mesmo que quero.