Para as festas da agonia
vi-te chegar, como havia
sonhando já que chegasses:
vinha teu vulto tão belo
em teu cavalo amarelo,
anjo meu, que, se me amasses,
em teu cavalo eu partira
sem saudade, pena, ou ira;
teu cavalo, que amarraras
ao tronco de minha glória
e pastava-me a memória
feno de ouro, gramas raras.
Era tão cálido o peito
angélico, onde meu leito
me deixaste então fazer,
que pude esquecer a cor
dos olhos da vida e a dor
que o sono vinha trazer.
Tão celeste foi a festa,
tão fino o anjo, e a besta
onde montei tão serena,
que posso, damas, dizer-vos
e a vós, senhores, tão servos
de outra festa mais terrena
não morri de mala sorte,
morri de amor pela morte.
26.4.06
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Um comentário:
muito boa essa leo. a imagem da morte tem um tanto a ver com o que a gente quer: angelical, linda e redentora.
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